Se procuras um bom smartphone com preço acessível - olha para o Honor 400
Sabes aquele momento em que ficas com as expectativas mais ou menos, nem muito altas nem muito baixas, e depois ficas genuinamente surpreendido? Foi isso que me aconteceu quando comecei a testar o novíssimo Honor 400. Não estava à espera de gostar tanto deste smartphone — mas aconteceu. E depois de o usar durante vários dias como o meu telemóvel principal, posso dizer com confiança: este é um dos equipamentos mais interessantes que já me passou pelas mãos na faixa dos 500-600 euros.
Mas vamos por partes.
Design: premium por fora, elegante por dentro
A primeira coisa que me saltou à vista neste Honor 400 foi o seu design. É verdade que hoje em dia os smartphones são cada vez mais parecidos entre si, mas há pormenores que fazem a diferença. O módulo de câmaras na traseira, num formato meio triangular e com um pronunciado relevo, dá-lhe um toque distinto. E os ângulos retilíneos tanto no ecrã, nas laterais, como na traseira fazem com que o telemóvel seja super confortável de segurar na mão.
Recebi a versão em preto, e honestamente? É bem bonito. A cor clássica, portanto, nunca desaponta. E sim, temos aqui um corpo em plástico, mas acredita: nada neste telemóvel se sente “barato”. A construção é incrivelmente sólida, o encaixe dos botões é preciso, e tudo passa uma sensação de cuidado nos detalhes.
Ecrã e desempenho tudo o que precisas (e mais um pouco)
Se há coisa que a Honor fez bem neste equipamento foi apostar num ecrã OLED de 6,5 polegadas com 120Hz de taxa de atualização. É daqueles ecrãs que te faz querer mexer mais no equipamento só pelo prazer de deslizar o dedo. Fluidez impecável, cores vibrantes, pretos profundos e um brilho mais do que suficiente (5000 nits de brilho máximo) para veres tudo mesmo com sol direto.
Relativamente ao desempenho, o Honor 400 vem com o Snapdragon 7 Gen 3 (de 4nm), que apesar de não ser o processador topo de gama da Qualcomm, faz um bom trabalho. Durante os testes, o desempenho foi maioritariamente fluido — aplicações a abrirem rápido, multitarefa sem engasgos, e até jogos mais exigentes como Call of Duty Mobile correram sem problemas maiores (desde que não puxes os gráficos para o máximo, claro).
Usei-o para tudo: redes sociais, chamadas, ver séries, responder a um ou outro email... e nunca me deixou pendurado. Se não fores um power user obsessivo por benchmarks, vais ficar mais do que satisfeito com este desempenho.
Além disso, a versão que testei é a de 8 GB de RAM + 512 GB de armazenamento interno, o que é mais do que generoso nesta gama de preços. E sim, sem entrada microSD — mas com meio terabyte de espaço, não me posso mesmo queixar.
Bateria: uma autêntica besta!
Um dos pontos que mais me impressionou foi mesmo a bateria. O Honor 400 traz uma bateria de 5300mAh, o que, combinado com o processador eficiente e o software bem otimizado, dá mais ou menos para dois dias de uso moderado sem stress. Mesmo com uso intenso, cheguei ao final do dia com 20% de carga.
E a cereja no topo do bolo? O carregamento é super-rápido a 66W com fio. Em cerca de 30 minutos já tens a bateria quase cheia. Vale a pena mencionar que o Honor 400 tem carregamento sem fios, a verdade é que raramente o usei, porque honestamente é muito lento (5W).
Câmaras: o trunfo dos 200MP
Agora vamos ao que mais me divertiu neste telemóvel: a câmara fotográfica. Ou melhor, as câmaras.
Na traseira temos um sistema duplo com:
- Câmara principal de 200MP f/1.9 com OIS
- + Câmara ultrawide de 12MP f/2.2 e 112˚
Sim, os números são bons, mas o que interessa é o resultado final — e aqui o Honor 400 brilhou. As fotos são muito boas. A câmara principal capta muita luz, cores naturais (sem exageros de saturação) e uma nitidez de fazer inveja a muitos concorrentes - muito por conta dos 200MP de resolução. Aqui tens detalhe, contraste e boa exposição, conforme podes ver pelos exemplares em baixo:
Para ser sincero, e apesar do sistema de câmaras ser bom, fiquei um bocado desiludido com a ausência de uma câmara telefoto. Percebo que a Honor queira marcar a diferença entre o Honor 400 e o 400 Pro (que aí sim, já traz o sistema triplo com a telefoto), mas como fã de zoom óptico, senti mesmo a falta.
É verdade que tens um zoom digital “sem perdas” até 4.5x, graças ao corte da imagem no sensor de 200MP — e até funciona bem — mas, se fosse eu a escolher, trocava a ultrawide por uma telefoto sem pensar duas vezes. Claro que isto é só a minha opinião, tu que estás desse lado até podes preferir o contrário. Eu é que dou mais uso ao zoom in do que ao zoom out, por isso faz mais sentido para mim.
Mas pronto, são decisões da marca (e da maioria dos fabricantes, já agora).
Na frente, tens uma câmara selfie de 50MP que também desempenha muito bem. As selfies saem bem nítidas, com boa gestão de luz — nada a apontar também por aqui.
Vídeo: competente, mas não surpreende
Se a fotografia me impressionou, o vídeo ficou num nível “ok”. O Honor 400 grava em 4K a 30fps, com boa estabilização e qualidade decente, mas não é o seu ponto mais forte. O HDR nos vídeos podia ser melhor, e o foco às vezes parece meio indeciso em cenários mais complexos. Não é mau — longe disso — mas também não vai competir com os grandes nomes do mercado aqui.
Se fores mais de tirar fotos do que gravar vídeos, este telemóvel vai ser uma delícia.
Interface e software: MagicOS a melhorar
O Honor 400 corre MagicOS 9.0, baseado no Android 15. A interface ainda tem traços da antiga era Huawei, ou seja, com uma aproximação grande em muitas coisas do que vejo da Apple, por exemplo, a Central de controlo é praticamente igual à do iPhone, o UI da app das definições é praticamente igual à do iOS, até à própria forma como por defeito a Honor organiza as apps é igual - escondendo a gaveta de aplicações do Android.
Mas pronto, passando essa parte à frente. Em qualquer telefone da Honor e não especificamente neste Honor 400 poderás encontrar funcionalidades muito interessantes como o gestor de janelas flutuantes, partilha rápida entre dispositivos, edição de fotos com ajuda da IA, etc. Nota-se que esta MagicOS ainda não é tão polida como uma One UI da Samsung ou a MIUI da Xiaomi, mas está a melhorar rapidamente.
Importa também dizer que o Honor 400 chega com a promessa de receber atualizações durante seis anos, ou seja, vai ter suporte de software até 2031. Se dás importância à longevidade e queres um telemóvel que aguente bem com o tempo, isto pode ser exatamente o empurrão que te faltava para investir no Honor 400.
Conectividade e extras
Aqui tens tudo o que esperas num equipamento moderno - ainda que na gama média:
- 5G
- Wi-Fi 6
- Bluetooth 5.4
- Infravermelhos (super útil para se quiseres usar o telefone como comando de TV!!!)
- NFC
- Leitor de impressões digitais no ecrã (rápido e preciso)
- Altifalantes estéreo com som decente (não incrível, mas satisfaz)
Falta aqui só uma certificação IP67 ou 68. O telefone vem com certificação IP65 - na minha opinião, bastante básica para um equipamento a custar cerca de 500€ - o que significa que convém ter algum cuidado com água e pó. Portanto, nada de levar o telefone pra beira da piscina ou pra casa de banho - se é que me faço entender...
Conclusão: este é “o” smartphone para quem quer gastar menos mas bem
O Honor 400 é um daqueles telemóveis que nos fazem pensar duas vezes antes de gastar mais de mil euros num flagship. Oferece um design apelativo, ecrã excelente, desempenho sólido, autonomia incrível e câmaras muito acima da média — tudo isto por um preço que, tendo em conta o que recebemos, é mais do que justo.
Não é perfeito: falta-lhe carregamento sem fios mais rápido, uma maior resistência à água e um sistema de vídeo mais robusto. Mas são compromissos que consigo aceitar facilmente, tendo em conta o que ele entrega no resto.