Considero que os wearables são uma parte essencial do futuro. Seja através da inteligência artificial, de algoritmos mais precisos, de sensores refinados ou até do seu uso como forma de controlo em equipamentos de realidade aumentada, olho para este mercado com enorme expetativa. A Samsung tem contribuído para essa visão. Não apenas pelo foco que demonstrou dede o Unpacked de 2024, mas também pelo que tem revelado nos eventos seguintes, ao apresentar não só novas funcionalidades, como uma visão muito clara de um futuro que se aproxima rapidamente.
Mas será que, com este novo Galaxy Watch8 Classic, o utilizador sente verdadeiramente esse futuro? Vamos descobrir.

O regresso do modelo Clássico: design e ergonomia


Adepto do design com coroa rotativa, foi com agrado que vi, este ano, o regresso do modelo Clássico. Sendo algo que até já tínhamos ficado a saber de uma entrevista exclusiva ao Samsung PPM, em 2024, este modelo Clássico não só regressa, mas renovado. Na verdade, toda a linha ganha novos contornos, onde temos vislumbres de linhas passadas Galaxy e uma aproximação até ao famoso formato squircle, da Samsung. Isto traz uma aproximação ao Galaxy Watch Ultra do ano passado, o que permite a adição de um terceiro botão neste Classic, assim como um novo sistema para encaixar braceletes.
Apesar de inicialmente cético com estas mudanças, foi com agrado que as senti no pulso. O Galaxy Watch 8 Classic chega apenas no tamanho de 46 mm e apresenta uma construção mais robusta, com 46 × 46,5 × 10,6 mm e cerca de 63,5 g, tornando-se o mais espesso e pesado dos três modelos da série. Para comparação, o Galaxy Watch 6 Classic, lançado em 2023 e disponível em 43 mm e 47 mm, mantém um perfil ligeiramente mais leve (cerca de 52 g no modelo menor e 59 g no maior) embora a Samsung raramente destaque a espessura, que tradicionalmente se mantém um pouco abaixo da geração mais recente.
A surpresa veio precisamente daí. Apesar de ser mais pesado no papel, esse peso adicional praticamente desaparece no uso diário, muito graças ao novo sistema de braceletes, que proporciona uma fixação substancialmente mais firme no pulso — algo que não conseguia com os modelos anteriores. O relógio deixa de tombar com facilidade durante movimentos, seja em treino ou a dormir, reforçando a sensação de que o equipamento faz verdadeiramente parte de nós.
Testei a variante branca, que é bastante brilhante e destaca-se com facilidade em qualquer conjunto. A coroa rotativa prateada acrescenta um toque elegante e premium, resultando num relógio que combina bem com praticamente qualquer peça de roupa.
O software


O Galaxy Watch 8 Classic estreia a nova One UI 8 Watch, que traz uma autêntica repaginada à interface. Não só a aproxima da experiência visual que encontramos nos telemóveis da marca, como facilita a navegação num ecrã mais pequeno. Destaco a Now Bar, que surge no ecrã principal e é particularmente útil quando existem várias tarefas em execução, bem como o acesso aos diferentes widgets que podem assumir um formato mais compacto, semelhante a um comprimido, ou uma versão mais alongada. Aliando este design à navegação através da coroa, encontrar o que precisamos torna-se não só fácil como extremamente rápido.


Há também uma clara sinergia com o smartphone, visível com a presença de elementos da Galaxy AI. A assistente sugere respostas com base no contexto de mensagens recebidas e também ajuda no processamento de dados enviados para a Samsung Health, onde a aplicação consegue oferecer um conjunto de dicas mais completas. Mas vamos por partes.
As funcionalidades de saúde

Ao longo dos últimos anos, a empresa apresentou várias funcionalidades de saúde, mas no Watch8 surgem duas novidades marcantes: a medição da Carga Vascular e o Índice Antioxidante. São, de certa forma, as estrelas da série, concebidas para oferecer métricas que ajudem os utilizadores a melhorar a sua qualidade de vida. No entanto, não considerei o Índice Antioxidante especialmente prático, já que requer retirar o relógio para usar o polegar e, pelas medições que realizei — tanto minhas como de outras pessoas — a métrica não me pareceu fiável. Como está em Labs, e sabendo que a marca costuma demorar cerca de um ano a maturar e validar estas funções, esta acaba por surgir como mais uma promessa do que uma ferramenta sólida no presente.















Já a Carga Vascular revelou-se bastante útil, permitindo perceber quase em tempo real de que forma o sono, a atividade diária e o stress impactam o corpo. Ainda assim, sinto falta de proatividade por parte da funcionalidade e, consequentemente, do Samsung Health e do próprio relógio. Não existe qualquer alerta, contexto ou interpretação automática dos dados, nem sequer nos cartões informativos da app, e estas métricas acabam por ficar escondidas, obrigando o utilizador a abrir manualmente cada cartão para obter detalhes adicionais.






Os Booster Cards acabam por ser interessantes enquanto pequenas mensagens motivacionais ou comparações com outros utilizadores europeus, mas continuam a faltar-lhes a sinergia e a inteligência que a marca anuncia como objetivo desde 2024. Ainda assim, estão integrados na aplicação, o que reforça a necessidade de um widget que permita uma visualização mais rápida, evitando que este seja um recurso totalmente dependente da vontade do utilizador em abrir a app. A pontuação de energia acaba por ser a funcionalidade mais imediata e proativa, já que representa uma métrica baseada no dia anterior e agrega diferentes fatores que influenciam os valores. Mantêm-se os relatórios de sono, programas de melhoria, deteção de ressonar e sugestões para a melhor hora de dormir.



No resto das funcionalidades, mantém-se um pacote completo: medição de oxigénio no sangue, temperatura, níveis de stress, composição corporal, previsão do ciclo de ovulação, pressão arterial, índice AGE, eletrocardiograma, alertas de ritmo irregular e deteção de apneia do sono. A isto juntam-se os sensores habituais, como batimentos cardíacos, acelerómetro e GPS de dupla frequência.
A sinergia da Samsung
A grande vantagem da marca revela-se quando ligamos estes produtos a outros equipamentos Samsung ou compatíveis com Matter, via SmartThings. O relógio, ao detetar em tempo real a temperatura e o estado de sono do utilizador, consegue regular um ar condicionado ou outros periféricos da casa, como estores elétricos. Com a aplicação Samsung Food, apoiada por IA e pelos frigoríficos inteligentes da marca, temos acesso a receitas personalizadas, inclusive com os ingredientes que já temos no frigorífico. Isto ganha ainda mais utilidade quando pensamos na capacidade de medir composição corporal e registar a alimentação na Samsung Health.
Tudo isto coloca os produtos Samsung numa categoria que só encontra paralelo em marcas como a Xiaomi. Contudo, como a Xiaomi nem sempre disponibiliza a mesma variedade de equipamentos em Portugal, ainda demorará até conseguir um nível semelhante de penetração no mercado.
Veredito

Com boa captação de passos, frequência cardíaca e métricas de treino — tanto em caminhadas como no ginásio — o Watch8 Clássico refina a experiência com um novo design e um sistema de bracelete renovado. Oferece funcionalidades de saúde que cobrem praticamente todas as esferas do dia a dia, mas ainda sinto falta de uma maior proatividade do sistema e de uma melhor capacidade na deteção de oxigénio no sangue. Apesar de a marca já ter anunciado intenções nessa direção, como o smartphone sugerir desmarcar uma reunião se o utilizador estiver sob muito stress, esta tecnologia ainda não está madura. Também reconheço que essa mesma proatividade pode ser perigosa, gerando mais ansiedade ou pressão para cumprir métricas “ideais”.
Apesar desta crítica, o ecossistema continua muito rico. A aplicação permite desafiar amigos, seguir planos de treino e manter um registo dedicado à saúde mental, com espaço para anotar o humor, fazer exercícios de respiração e utilizar uma das minhas funcionalidades favoritas: sons relaxantes para ajudar a acalmar.
Com Android no centro e com vários anos de atualizações asseguradas, o futuro dos wearables está mesmo ao virar da esquina. E, apesar das minhas reservas, acredito que a Samsung mantém uma vantagem sólida — tanto pelo conhecimento médico que tem vindo a consolidar, como pelo ecossistema doméstico que já domina. Isto é especialmente relevante para utilizadores comuns que procuram formas simples de melhorar a sua qualidade de vida e, ao mesmo tempo, desejam manter um acompanhamento contínuo das pequenas mudanças que o corpo revela ao longo do tempo.

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