Escolher um novo telemóvel é difícil, mas fazer com que este valha o nosso investimento financeiro deve ser a principal preocupação. Não só pelo que estamos a pagar para o momento como para o que esperamos no futuro. Assim surge a questão: será que compensa comprar um equipamento topo de gama de há dois anos, que está atualmente mais barato, ou devo optar por um novo equipamento de gama média?
Tudo começa no design e sua construção
Este é o ponto que mais distingue um equipamento topo de gama de um equipamento de gama média. A construção de smartphones da Xiaomi, Google ou Samsung dá destaque ao vidro nos modelos principais, enquanto que os equipamentos de gama média, mesmo após dois anos de evoluções, têm uma construção em plástico. Contudo, em dispositivos mais recentes, como o Nord 2 da OnePlus, este apresenta uma traseira em vidro, mas o seu frame é de plástico.
Não só em termos de vidro/plástico, um flagship com dois anos terá os níveis mais altos de resistência à água e poeira (IP68) enquanto apresenta vidro resistente, como o famoso Corning Gorilla Glass. Mas atenção, o plástico não é, de todo, um mau componente na construção dos nossos equipamentos e tornam, na verdade, o equipamento mais robusto e resistente a impactos. Apesar de todos os certificados e marcas registadas, a durabilidade deve ser algo com maior relevo.
Processadores
Sabemos que anualmente os processadores evoluem em eficiência energética e em poder, pelo que deveríamos esperar encontrar processadores de gama média com o mesmo nível de desempenho, ou superior, não? Bem, é complicado. Porque, apesar destes avanços, sim, as diferenças ainda são substanciais, especialmente na componente neuronal e de processamento fotográfico. Isto torna-se normal, visto que o que uma fabricante quer é cortar custos de forma comedida que resultem num equipamento equilibrado.
Isto acaba por não ser nada gigantesco, mas para os que amam jogos talvez não tenham sempre a melhor desempenho, ou as fotografias demorem mais tempo a processar. Uma aplicação pode demorar mais dois segundos a abrir e por aí em diante. Sendo algo inexpressivo, é algo a ter em conta. Somos amantes de jogos e jogamos diariamente ou por longos períodos? Talvez um processador de gama média não seja a melhor escolha.
No site da AnTuTu conseguimos ver a distância entre o Galaxy S20 Ultra (2020) e o novíssimo Galaxy A53 (2022) com diferenças expressivas no GPU e Experiência de Utilização.
Ecrãs
Passada a construção e o coração do equipamento, o ecrã é igualmente um ponto de diferença. Apesar de ser raro de encontrar ecrãs maus atualmente - muito pela forma como o OLED se tornou padrão em todas as linhas -, nem sempre as dimensões de ecrã de um equipamento de gama média serão as maiores ou, em qualidade, nem sempre terão o maior pico de brilho ou a taxa de atualização mais alta.
Aqui, e como em todos os outros pontos, importa o que o utilizador quer e como vai usar. É importante uma taxa de atualização alta de 120Hz ou a de 60Hz e 90Hz chega? E a resolução? Um ecrã FHD é suficiente? Existem ainda diferentes tecnologias e podem tornar um ecrã maior mais económico e gere menos consumo de energia.
Câmaras
Este é dos pontos que mais comichão me faz pela forma como as marcas parecem que só querem saber do número de sensores que metem num equipamento e não na qualidade dos mesmos. Isto resulta em que diversos telemóveis tenham imensos sensores e com resoluções baixas. Sendo um ponto a ter atenção, importa perceber as diferenças mais tangíveis de observar. As maiores diferenças que encontramos é que enquanto os equipamentos de gama média se focam em sensores funcionais e que o utilizador irá sempre usar: grande angular, ultra grande angular e sensor macro para efeitos de profundidade, nos modelos topo de gama temos os sensores periscópicos e permitem zoom ótico.
Isto não é mau, e apesar de no papel estes números e sensores parecerem melhores no topo de gama, o software tem sido deveras aprimorado para apresentar fotografias e vídeos bons nas mais variadas condições. Apesar disso, temos de nos lembrar que funcionalidades como modo de noite, gravação de vídeo a 8K, zoom ótico até 10x e estabilização ótica de imagem poderão não estar presentes num equipamento de 300€-400€.
Software e Atualizações
Este é o ponto onde comprar um equipamento atual mais beneficia. Em especial por vir já de fábrica, à partida, com a versão mais recente do Android e onde o seu ciclo de atualizações será maior. Por exemplo: um Galaxy S20 Ultra receberá atualizações até ao Android 13, o Galaxy A53 terá até ao Android 16. Isto é deveras impressionante, especialmente pelos equipamentos de gama média serem mais diretos no que oferecem, sem funcionalidades desnecessárias e, em geral, mais limpos na sua utilização.
Este exemplo, claro, é o da Samsung, mas o mesmo seria válido em qualquer outra marca, visto que prometendo a maioria três anos de atualização, um modelo de há dois anos recebera mais um ano de atualização do que um novo equipamento de gama média, que terá mais três!
O que realmente compensa?
É certo que usei equipamentos Samsung como base nesta comparação por serem facilmente encontrados em todas as superfícies comerciais portuguesas. Mas, mesmo que outras opções existam como um equipamento OnePlus Nord 2 e um OnePlus 8, ou um Pixel 4 versus um Pixel 5a, o fundamento destes pontos mantém-se. Apesar de compensar ao utilizador o investimento num equipamento de gama alta de há dois anos em detrimento de um novo de gama média, a utilização que damos ao equipamento terá, sem dúvida, um peso fundamental.
Contudo, apesar de muitas caraterísticas serem irrelevantes para muitos, importa relembrar a diferença entre os processadores e até da bateria, onde uma bateria com dois anos (mesmo que nova) terá uma longevidade relativamente inferior a uma bateria nova.
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