Faz sentido a compra dum smartphone só pelas especificações?

Faz sentido comprar um smartphone só pelas especificações técnicas? As specs no papel são suficientes ou há outros fatores mais importantes?

18 de Abr de 2025
Faz sentido a compra dum smartphone só pelas especificações?
Photo by Amanz / Unsplash

Com tanta oferta e opções disponíveis no mercado dos smartphones hoje em dia, escolher um bom smartphone não é necessariamente fácil. É factual que a maioria dos utilizadores procura as melhores especificações técnicas pelo preço mais baixo possível. Contudo, vale a pena salientar que as especificações técnicas por si só não são tudo. Nesse sentido, a pergunta que se impõe é: nos dias de hoje, faz sentido comprar um smartphone apenas pelas especificações técnicas?

As especificações técnicas são o menos relevante hoje em dia

Geralmente, os utilizadores procuram um processador mais potente, acreditando que é um fator determinante para obter um desempenho mais rápido e fluido. Do mesmo modo, dão atenção à quantidade de memória RAM, assumindo que, em teoria, quanto mais, melhor. A mesma lógica aplica-se à procura de maior capacidade de bateria em mAh e à qualidade das câmaras, com foco nos megapixels.

Chip

Os mais atentos costumam verificar os benchmarks para comparar dispositivos. No entanto, isso por si só é simplista e redutor. Embora os benchmarks forneçam uma ideia geral do desempenho, podem ser contraditórios. Por exemplo, dois telemóveis com o mesmo processador podem ter desempenhos diferentes.

O trio de processadores móveis mais potentes da atualidade.
O trio de processadores móveis mais potentes da atualidade.

Aliás, algumas fabricantes foram acusadas de aldrabar os clientes, configurando os seus dispositivos para detetarem quando um teste de benchmark está a ser executado e aumentarem a frequência do CPU para melhorar a pontuação, o que, na prática, não representa o desempenho real.

Câmaras

De igual forma, outro exemplo de especificações irrelevantes são os megapixels da câmara. Embora a quantidade de megapixels seja frequentemente usada como argumento de venda para câmaras de smartphones, existem outros fatores muito mais importantes que determinam a qualidade da imagem final.

A close up of a cell phone with a blurry background
Photo by Amanz / Unsplash

Ao escolheres um smartphone em que a qualidade das câmaras é o principal critério, considera os seguintes fatores:

  • Tamanho do sensor: Um sensor maior consegue captar mais luz, resultando em imagens com melhor gama dinâmica, menos ruído e melhor desempenho em condições de baixa luminosidade.
  • Abertura da lente: Uma abertura maior (representada por f/ como por exemplo, f/1.8) permite a entrada de mais luz, o que beneficia a fotografia em ambientes com pouca luz e permite um maior controlo sobre a profundidade de campo. Um número f/ menor = abertura maior = mais luz= melhor qualidade.
  • Qualidade da lente: A nitidez, distorção e aberrações cromáticas da lente influenciam significativamente a qualidade da imagem. Boas lentes minimizam estes problemas, resultando em imagens mais nítidas e com cores mais precisas.
  • Processamento de imagem: Os algoritmos de processamento de imagem desempenham um papel fundamental na qualidade final da fotografia. Um bom processamento de imagem pode melhorar a nitidez, o contraste, o balanço de brancos e a gama dinâmica, para além de permitir funcionalidades como o modo retrato e o modo noite.
  • Estabilização de imagem: A estabilização ótica (OIS) ou eletrónica (EIS) ajuda a reduzir a trepidação da câmara, resultando em fotos mais nítidas e vídeos mais estáveis, especialmente em condições de pouca luz ou ao usar o zoom.

Um bom módulo de câmaras depende principalmente dos fatores supracitados, e classificar a qualidade das câmaras somente pelo número de megapixels é completamente inútil.

Ecrã

No que diz respeito aos ecrãs, além da resolução e da taxa de atualização em Hz, os utilizadores também se preocupam com o brilho máximo de um determinado equipamento. No entanto, até este detalhe pode ser enganador. O brilho máximo não se refere ao nível de luminosidade obtido ao arrastar a barra de brilho, mas sim ao brilho máximo que o ecrã atinge em condições específicas, como a exposição ao sol, por exemplo.

A person holding a cell phone in their hand
Photo by Amanz / Unsplash

A especificação a ter em conta, neste caso, é a verificação dos nits no modo de brilho alto (quanto mais elevado, melhor). Nota que o número de nits é apenas um dos fatores a considerar ao avaliar a qualidade de um ecrã. Outros aspetos importantes incluem a resolução, a precisão das cores, o contraste e os ângulos de visualização.

Bateria e eficiência

A eficiência energética é tão crucial quanto a potência bruta. De que adiante teres um um chip todo "XPTO" e que oferece bom desempenho mas que aquece em demasia e esgota a bateria muito rápido? Nesse caso, um processador com baixo consumo de energia é preferível a um que, embora potente, aqueça e descarregue a bateria rapidamente.

Honor Magic6 Lite
Honor Magic6 Lite

A capacidade da bateria em mAh, por si só, não garante uma boa autonomia. Baterias maiores são uma vantagem, mas só fazem diferença se o dispositivo for bem otimizado no software. Por exemplo, os iPhones frequentemente apresentam melhor autonomia do que muitos smartphones Android, mesmo com baterias menores, graças à excelente otimização do iOS e à eficiência do chip da Apple.

Mais importante que o hardware, é o software

​O que realmente importa nos smartphones recentes é a otimização de software. Embora a maioria dos telemóveis atuais ofereça hardware potente, o fator diferenciador é a atenção aos detalhes e a otimização do software.

Um software bem otimizado permite tirar melhor partido do hardware existente: animações mais fluidas, abertura de aplicações mais rápida, interface mais responsiva, melhor gestão de RAM, maior autonomia, segurança melhorada e menos falhas.

Samsung Galaxy A55 (5G)
Samsung Galaxy A55 (5G)

Frequentemente damos demasiada importância às especificações de hardware quando escolhemos um smartphone. Contudo, num mundo onde a maioria dos telemóveis tem hardware bastante capaz, o software assume um papel cada vez mais importante.

Uma boa otimização do software consegue as seguintes vantagens:

  • Otimizar o desempenho: Um software bem otimizado tira o máximo proveito do hardware existente, resultando num desempenho mais fluido, com animações suaves, apps que abrem rapidamente e uma interface user-friendly.
  • Prolongar a autonomia da bateria: Através de uma gestão eficiente dos recursos, o software pode otimizar o consumo de energia e prolongar a vida útil da bateria.
  • Melhorar a experiência de utilização: Um bom software oferece uma interface intuitiva, funcionalidades úteis e personalização avançada, tornando o smartphone mais agradável de usar.
  • Garantir a segurança: As atualizações de software corrigem vulnerabilidades e protegem o dispositivo contra ameaças de segurança.
  • Oferecer funcionalidades inovadoras: O software é a base para funcionalidades inovadoras como assistentes virtuais, inteligência artificial e fotografia computacional.

Exemplos concretos:

  • iOS: O iOS, o sistema operativo da Apple, é conhecido pela sua fluidez, otimização e foco na segurança.
  • Android puro: A versão stock do Android, presente nos Google Pixel, oferece uma experiência limpa e rápida, com atualizações garantidas.
  • One UI da Samsung: A interface da Samsung tem vindo a melhorar ao longo dos anos, oferecendo agora uma experiência personalizável e rica em funcionalidades.
Google Pixel 9 Pro conectado ao Android Auto.
Google Pixel 9 Pro conectado ao Android Auto.

Conclusão

Ao escolheres um smartphone, não te deixes deslumbrar apenas pelas especificações técnicas apresentadas no papel. Lembra-te: mais importante que o hardware (specs) é o software. Procura um sistema operativo com a UI otimizada, com atualizações frequentes e funcionalidades que sejam úteis. No final, é o software que define a melhor experiência de utilização do teu smartphone.

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