Com tanta oferta e opções disponíveis no mercado dos smartphones hoje em dia, escolher um bom smartphone não é necessariamente fácil. É factual que a maioria dos utilizadores procura as melhores especificações técnicas pelo preço mais baixo possível. Contudo, vale a pena salientar que as especificações técnicas por si só não são tudo. Nesse sentido, a pergunta que se impõe é: nos dias de hoje, faz sentido comprar um smartphone apenas pelas especificações técnicas?
As especificações técnicas são o menos relevante hoje em dia
Geralmente, os utilizadores procuram um processador mais potente, acreditando que é um fator determinante para obter um desempenho mais rápido e fluido. Do mesmo modo, dão atenção à quantidade de memória RAM, assumindo que, em teoria, quanto mais, melhor. A mesma lógica aplica-se à procura de maior capacidade de bateria em mAh e à qualidade das câmaras, com foco nos megapixels.
Chip
Os mais atentos costumam verificar os benchmarks para comparar dispositivos. No entanto, isso por si só é simplista e redutor. Embora os benchmarks forneçam uma ideia geral do desempenho, podem ser contraditórios. Por exemplo, dois telemóveis com o mesmo processador podem ter desempenhos diferentes.
Aliás, algumas fabricantes foram acusadas de aldrabar os clientes, configurando os seus dispositivos para detetarem quando um teste de benchmark está a ser executado e aumentarem a frequência do CPU para melhorar a pontuação, o que, na prática, não representa o desempenho real.
Câmaras
De igual forma, outro exemplo de especificações irrelevantes são os megapixels da câmara. Embora a quantidade de megapixels seja frequentemente usada como argumento de venda para câmaras de smartphones, existem outros fatores muito mais importantes que determinam a qualidade da imagem final.
Ao escolheres um smartphone em que a qualidade das câmaras é o principal critério, considera os seguintes fatores:
- Tamanho do sensor: Um sensor maior consegue captar mais luz, resultando em imagens com melhor gama dinâmica, menos ruído e melhor desempenho em condições de baixa luminosidade.
- Abertura da lente: Uma abertura maior (representada por f/ como por exemplo, f/1.8) permite a entrada de mais luz, o que beneficia a fotografia em ambientes com pouca luz e permite um maior controlo sobre a profundidade de campo. Um número f/ menor = abertura maior = mais luz= melhor qualidade.
- Qualidade da lente: A nitidez, distorção e aberrações cromáticas da lente influenciam significativamente a qualidade da imagem. Boas lentes minimizam estes problemas, resultando em imagens mais nítidas e com cores mais precisas.
- Processamento de imagem: Os algoritmos de processamento de imagem desempenham um papel fundamental na qualidade final da fotografia. Um bom processamento de imagem pode melhorar a nitidez, o contraste, o balanço de brancos e a gama dinâmica, para além de permitir funcionalidades como o modo retrato e o modo noite.
- Estabilização de imagem: A estabilização ótica (OIS) ou eletrónica (EIS) ajuda a reduzir a trepidação da câmara, resultando em fotos mais nítidas e vídeos mais estáveis, especialmente em condições de pouca luz ou ao usar o zoom.
Um bom módulo de câmaras depende principalmente dos fatores supracitados, e classificar a qualidade das câmaras somente pelo número de megapixels é completamente inútil.
Ecrã
No que diz respeito aos ecrãs, além da resolução e da taxa de atualização em Hz, os utilizadores também se preocupam com o brilho máximo de um determinado equipamento. No entanto, até este detalhe pode ser enganador. O brilho máximo não se refere ao nível de luminosidade obtido ao arrastar a barra de brilho, mas sim ao brilho máximo que o ecrã atinge em condições específicas, como a exposição ao sol, por exemplo.
A especificação a ter em conta, neste caso, é a verificação dos nits no modo de brilho alto (quanto mais elevado, melhor). Nota que o número de nits é apenas um dos fatores a considerar ao avaliar a qualidade de um ecrã. Outros aspetos importantes incluem a resolução, a precisão das cores, o contraste e os ângulos de visualização.
Bateria e eficiência
A eficiência energética é tão crucial quanto a potência bruta. De que adiante teres um um chip todo "XPTO" e que oferece bom desempenho mas que aquece em demasia e esgota a bateria muito rápido? Nesse caso, um processador com baixo consumo de energia é preferível a um que, embora potente, aqueça e descarregue a bateria rapidamente.
A capacidade da bateria em mAh, por si só, não garante uma boa autonomia. Baterias maiores são uma vantagem, mas só fazem diferença se o dispositivo for bem otimizado no software. Por exemplo, os iPhones frequentemente apresentam melhor autonomia do que muitos smartphones Android, mesmo com baterias menores, graças à excelente otimização do iOS e à eficiência do chip da Apple.
Mais importante que o hardware, é o software
O que realmente importa nos smartphones recentes é a otimização de software. Embora a maioria dos telemóveis atuais ofereça hardware potente, o fator diferenciador é a atenção aos detalhes e a otimização do software.
Um software bem otimizado permite tirar melhor partido do hardware existente: animações mais fluidas, abertura de aplicações mais rápida, interface mais responsiva, melhor gestão de RAM, maior autonomia, segurança melhorada e menos falhas.
Frequentemente damos demasiada importância às especificações de hardware quando escolhemos um smartphone. Contudo, num mundo onde a maioria dos telemóveis tem hardware bastante capaz, o software assume um papel cada vez mais importante.
Uma boa otimização do software consegue as seguintes vantagens:
- Otimizar o desempenho: Um software bem otimizado tira o máximo proveito do hardware existente, resultando num desempenho mais fluido, com animações suaves, apps que abrem rapidamente e uma interface user-friendly.
- Prolongar a autonomia da bateria: Através de uma gestão eficiente dos recursos, o software pode otimizar o consumo de energia e prolongar a vida útil da bateria.
- Melhorar a experiência de utilização: Um bom software oferece uma interface intuitiva, funcionalidades úteis e personalização avançada, tornando o smartphone mais agradável de usar.
- Garantir a segurança: As atualizações de software corrigem vulnerabilidades e protegem o dispositivo contra ameaças de segurança.
- Oferecer funcionalidades inovadoras: O software é a base para funcionalidades inovadoras como assistentes virtuais, inteligência artificial e fotografia computacional.
Exemplos concretos:
- iOS: O iOS, o sistema operativo da Apple, é conhecido pela sua fluidez, otimização e foco na segurança.
- Android puro: A versão stock do Android, presente nos Google Pixel, oferece uma experiência limpa e rápida, com atualizações garantidas.
- One UI da Samsung: A interface da Samsung tem vindo a melhorar ao longo dos anos, oferecendo agora uma experiência personalizável e rica em funcionalidades.
Conclusão
Ao escolheres um smartphone, não te deixes deslumbrar apenas pelas especificações técnicas apresentadas no papel. Lembra-te: mais importante que o hardware (specs) é o software. Procura um sistema operativo com a UI otimizada, com atualizações frequentes e funcionalidades que sejam úteis. No final, é o software que define a melhor experiência de utilização do teu smartphone.
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