Google Pixel 7 e iPhone 14: ambos smartphones de excelência, ambos com argumentos de compra válidos, ambos muito parecidos com os seus antecessores... Apesar dos dois modelos não representarem o topo das suas respetivas gamas (topo esse reservado para os modelos Pro) isso não significa que não sejam escolham válidas para o público alvo a que se destinam: utilizadores exigentes, que procuram boas especificações e garantia de atualizações futuras, mas com uma carteira que tem "uma palavra a dizer" na hora do pagamento.
Apesar de poder parecer uma comparação injusta devido aos sistemas operativos e ecossistemas serem distintos entre os modelos em questão, o objetivo deste texto passa por mostrar as diferenças que fazem com que, no final, apenas um destes aparelhos ganhe no que concerne à melhor oferta face ao preço proposto, sem entrar na guerra Android vs iOS.
Design e dimensões
Conforme referido inicialmente, ambos os modelos são muito semelhantes face aos seus antecessores, com o iPhone 14 em particular sendo praticamente indistinguível do iPhone 13. o Pixel 7 mantém a mesma linha de inspiração face ao Pixel 6, mas nota-se que amadureceu e ganhou qualidade nos materiais utilizados.
No modelo da Google tem destaque a moldura em aluminio mate, que se prolonga no mesmo tom até à zona traseira onde se situam as câmaras, contrastando com o vidro reluzente que ocupa a restante área. Este conjunto de dois tons dá um ar distinto e nada monótono ao Pixel 7.
Já o modelo de Cupertino foi decalcado do iPhone 13 praticamente a 100%. Isto não é uma desvantagem em termos de construção, mas não se perdia nada em introduzir uma alteração de design, mesmo que ligeira, que permitisse mesmo aos mais distraídos distinguir um modelo do outro. O vidro traseiro brilhante termina onde começa a moldura de alumínio (da mesma cor) que faz a ponte entre este e o display, que é totalmente plano. As câmaras traseiras possuem o seu próprio espaço, sendo rodeadas por uma zona de vidro desta vez mate, e elevada em relação à restante área.
O Pixel 7 ganha em termos de conforto de utilização para a maioria dos utilizadores, pois possui laterais arredondadas que encaixam melhor na fisionomia da mão humana. No entanto, a moldura quadrada e com arestas do iPhone 14 também não causa obstáculo a toda a gente que já o experimentou.
O iPhone mantém o habitual posicionamento de botões utilizado pela marca (power na direita, volume e mute na esquerda); já o Pixel encaixa todos os três botões existentes do seu lado direito. Ambos contam com um display plano, cujas diferentes expecificações falaremos mais adiante. O modelo da Google reclama para si a proteção Gorilla Glass Victus à frente e atrás, enquanto o smartphone da maçã dá o nome de Ceramic Shield ao seu forte revestimento desenvolvido em conjunto com a Corning.
Google Pixel 7
155,6 x 73,2 x 8,7 mm; 197 g; cores disponíveis: obsidian, lemongrass e snow
iPhone 14
146,7 x 71,5 x 7,8 mm; 172 g; cores disponíveis: midnight, purple, starlight, blue e red
Ecrã
O ecrã do Pixel 7 é o maior deste confronto (6,3" contra 6,1") e o único que conta com uma taxa de atualização adaptativa de 90 Hz (60 Hz no iPhone) o que lhe dá vantagem no que toca à fluidez e suavidade de utilização; já o ecrã do iPhone ganha no parâmetro da resolução (1170x2532 contra 1080x2400) o que, aliado ao seu tamanho menor, garante uns generosos 460 pontos por polegada, número superior aos 416 ppp do equipamento da Google.
Ambos os smartphones contam, como seria de esperar, com displays OLED; no entanto, apenas o do Pixel suporta always-on display, e é exatamente neste modo que o seu brilho pode atingir um pico de 1400 nits, 200 nits acima do máximo teórico do iPhone 14. No entanto, quando está a ser reproduzido conteúdo HDR as posições invertem-se: o Pixel está limitado neste modo aos 1000 nits, enquanto o iPhone consegue chegar aos 1200. Já durante a utilização dita "normal", ambos os smartphones podem teoricamente atingir valores em torno dos 800 nits.
Processador, RAM e armazenamento
Apesar do modelo da Apple utilizar o mesmo processador A15 Bionic do seu antecessor lançado em 2021, o mesmo terá vantagem face ao novo Tensor G2 utilizado pela Google; esta afirmação justifica-se pelo facto do G2 estar a par do Qualcomm Snapdragon 888 no que a performance diz respeito, e o A15 sempre bateu este processador em todos os testes. No entanto, é extremamente improvável que em utilização real diária seja notória alguma diferença de poder de processamento.
O Pixel conta com 8 GB de RAM, enquanto o iPhone fica nos 6 GB, mas mais uma vez em utilização real isto pode nada significar devido à melhor gestão de memória que o iOS é conhecido por fazer.
Para terminar este capítulo resta referir que ambos os smartphones possuem versões com 128 e 256 GB de armazenamento interno, no entanto o iPhone consegue ir mais além ao permitir ao utilizador selecionar também 512 GB.
Câmaras
Mais um ponto onde quer o Pixel 7 quer o iPhone 14 são bastante semelhantes aos seus antecessores: as câmaras. Ambos os equipamentos possuem um setup de dupla câmara traseira: grande angular (a chamada câmara principal) e ultra-grande angular. Enquanto o iPhone usa sensores de 12 MP em todas as câmaras (inclusivé na frontal), o Pixel conta com 50 MP na câmara principal, 12 MP na ultra-grande angular e 10,8 MP na frontal.
Há vários truques de software no que diz respeito a fotografia e vídeo que estão presentes quer no Android, quer no iOS; vídeo com fundo desfocado, melhorias na fidelidade das cores, filmagem super estável, são apenas alguns exemplos do que podemos esperar encontrar.
Bateria
A autonomia da bateria é sempre a especificação mais subjetiva, pois é muito dependente não só do hardware presente mas em maior parte da utilização de que o smartphone é alvo.
Enquanto a bateria do iPhone 14 tem 3279 mAh de capacidade, a do Pixel 7 ultrapassa largamente esse número, com os seus 4355 mAh. Apesar da diferença teórica que os números sugerem, há que ter em conta que, por exemplo, o smartphone da Google possui ecrã de 90 Hz, o que resulta num consumo superior... No entanto, várias análises a ambos os equipamentos sugerem que ambos chegam ao final do dia com relativa facilidade, sem necessidade de serem ligados à tomada.
Quer a Google, quer a Apple, reclamam que os seus dispositivos atingem 50% de capacidade de bateria com apenas 30 minutos de carregamento, sendo para isso usado um carregador de 30W no Pixel e um de 20W no iPhone. O carregamento wireless também pode ser encontrado nos dois smartphones, com velocidades máximas de 7,5W no iPhone e de 12W no Pixel, valores que sobem respetivamente para 15W e 20W se recorrermos ao uso de um carregador MagSafe ou de um Pixel Stand de segunda geração.
Conclusão
Antes de avançarmos com o veredito final, temos de pôr em cima da mesa aquele que é provavelmente o primeiro aspeto que um futuro cliente analisa, mas que neste artigo foi propositadamente deixado para o fim: o preço.
O Pixel 7 pode ser comprado a partir de 649€, enquanto o iPhone 14 tem um preço mais amargo que começa nos 1039€.
Dito isto, é inegável que o equipamento da Google oferece mais valor por muito menos dinheiro. Voltamos a reforçar que os smartphones visados usam sistemas operativos diferentes e pertencem a ecossistemas diferentes, mas mesmo assim os quase 400€ de diferença têm de ser postos em perspetiva.... A reter ainda que o Pixel oferece um ecrã mais suave, câmara melhor (pelo menos em números), o mesmo armazenamento base por menos dinheiro, e um processador de topo que, mesmo inferior ao da Apple, certamente não comprometerá a usabilidade real. Poderiamos aqui incluir na equação o iPhone 13, que é marginalmente inferior ao 14 em aspetos que não são essenciais, mas que ainda assim custa a partir de 929€... Ou seja, a conclusão não iria mudar.
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