Gostas de fotografia no telemóvel? Tem atenção a estes esquemas de marketing!

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As câmaras são, atualmente, dos maiores destaques das diferentes marcas Android. Quer pelo número elevado de megapixéis até ao esbanjar da sigla AI, estas empresas usam diversas técnicas para enganar o consumidor. Como te queremos ajudar, vamos olhar para o que algumas marcas fazem ou já fizeram na hora de atrair consumidores.

O número de megapixéis

Mi Note 10

Tem sido comum as marcas Android promoverem, diretamente no design do equipamento, as suas especificações técnicas. Um destes elementos é o número de megapixéis que, no consumidor comum, pode levar a diversos enganos. Não por ser um comprador desatento, mas pelo mito de que mais megapixéis vai resultar em capturas ao nível de uma DSLR.

A primeira empresa a entrar neste jogo foi a Sony com, na altura, o Xperia Z2 e a sua câmara de 22MP numa altura onde os sensores de 12MP eram o padrão em topos de gama. Foram precisos diversos anos para a própria marca perceber que o consumidor já não caia nisto e de vermos uma mudança de paradigma na industria.

Mais megapixéis não são maus, mas foi preciso esta mudança para, além de uma marca apresentar um sensor de 108MP, trabalhar num sensor maior e com pixéis que são, de facto, grandes. Algo fundamental para boas imagens em cenários com pouca iluminação.

A tecnologia usada pela Samsung nos seus recentes topos de gama

Importa assim perceber que não é só estes números de três dígitos que fazem uma câmara boa, mas antes a presença de estabilização ótica de imagem, a abertura das lentes e o software usado pela marca.

Acontece ainda que, apesar de diversas marcas usarem altas resoluções como marketing, como câmaras de 48MP ou 108MP, o que o telemóvel faz é, na verdade, a combinação de diversos pixéis (para serem maiores) para gerar uma imagem de 12MP. Por isso olhem para o tamanho dos pixéis e não aceitem o que é inferior a 0,8 quando falamos de sensores destas dimensões.

AI, Zoom-Híbrido, mais AI, Space Zoom

Samsung Galaxy S20 Ultra 
IG zana_l_i
Photo by Zana Latif / Unsplash

Quando a Samsung apresentou a linha S20, o tópico mais comentado foi o quão desnecessário foi a gravação no vidro do nome Space Zoom para a capacidade do equipamento fazer zoom até 100x quando as imagens eram completamente inutilizáveis. A empresa já evoluiu no seu algoritmo e hardware para melhorar o zoom a níveis de 20x ou 30x, mas o que está em causa neste marketing é como as empresas usam uma capacidade irrelevante para justificarem o dinheiro que pendem pelo equipamento.

A Samsung está longe de estar sozinha e é cada vez mais comum vermos gravações nos módulos fotográficos das siglas AI ou de termos como zoom híbrido-ótico quando os equipamentos não têm hardware capaz de promover capacidades óticas. Mas, honestamente, o que mais impressiona é como os consumidores compraram facilmente a ideia de Inteligência Artificial quando ela já existe em telemóveis há décadas. É verdade, só que na altura tinha outro nome: deteção de cena. A câmara simplesmente identifica a cena e ajusta as configurações para livrar o consumidor dos modos "Pros". Atenção que isto é diferente do processamento da imagem e que aí sim, poderá usar redes neuronais para perceber o que está numa imagem para a otimizar.

Mas a sigla AI não está sozinha, e é comum vermos menção a tecnologia de Estabilização Eletrónica de Imagem por AI que limita os tremores usando software e não a hardware presente na câmara. Acreditem, não são só funcionalidades diferem como geram resultados diferentes.

Usar imagens falsas

Já diversas marcas foram apanhadas a usar equipamento profissional para captar imagens e vídeos para reiterarem que foi captado com um determinando telemóvel. Isto aconteceu em 2012 com o famoso Nokia Lumia 920 e com a Huawei e o Nova 3i (imagem acima).

Sendo algo difícil de perceber pelo site das marcas, importa olharmos antes para as fotografias e vídeos capturados por meios externos às mesmas para uma representação real das capacidades do smartphone.

Não revelar detalhes técnicos

Se por vezes as marcas esbanjam o número de megapixéis, muitas das vezes omitem-nos por completo. Ou à abertura, ao sensor usado ou ao tamanho dos pixéis.

Um dos exemplos é a página de produto do Realme 8 que não revela as especificações das lentes macro e monocromática. Também é comum vermos ausente dados referente a câmaras zoom e que, muitas vezes, escondem resoluções extremamente baixas.

Sensores, sensores e mais sensores

Aliado a estas práticas, existe ainda a proliferação de sensores para além do principal e que em nada acrescentam ao dispositivo. Em especial quando empresas promovem um sensor primário de 108MP para, depois, indicarem que o sensor macro é de 2MP.

Como muitos consumidores não olham para a contagem de megapixéis ou detalhes técnicos, ao verem mais sensores assumem, à partida, que é um equipamento melhor. Isto é errado e facilmente comprovado com o oferecido com empresas como a Google, que com um único sensor foi capaz de extrair o melhor da fotografia que existe nos seus primeiros equipamentos.

960 frames falsos em vídeo

Galaxy S9

Uma das funcionalidades populares de há uns anos era a gravação de vídeos a 960fps: ou seja, vídeos em câmara lenta. O certo é que diversas marcas faziam-no, não por o equipamento o suportar, mas por interpolar frames e enganar o consumidor. Encontramos isto ainda hoje, no S22 Ultra, que indica gravar a 960fps quando o faz recorrendo a uma gravação em 480fps para, posteriormente, usar software para criar frames. A Huawei também o faz e as marcas até indicam que o fazem, mas nem todas.

O que importa realmente numa câmara?

Os smartphones são produtos de corpo pequeno onde, naturalmente, os sensores fotográficos usados também o são. Será assim importante olharmos para o tamanho físico do sensor, o tamanho dos pixéis e se têm estabilização ótica de imagem. O equipamento promete zoom? Boa, de que tipo? Importa perceber se é digital ou, por sinal, se é ótico, o que não compromete a qualidade da imagem.

Fonte: Huawei na apresentação da série P40

Não podemos esquecer o próprio software que processa a imagem, onde equipamentos da Samsung são conhecidos por imagens mais saturadas e um alcance dinâmico vasto, já os dispositivos da Sony tendem a ser algo mais realístico. Já a Google oferece uma qualidade no modo retrato e na fotografia noturna invejável.

Photo by Anh Nhat / Unsplash

Lembram-se do que referi do número de câmaras? É útil, na hora de compra, percebermos o que realmente usamos e se conseguimos viver com os sensores básicos (primário, telefoto e grande-angular). Fiquem também conscientes que lentes telefoto com zoom ótico encontram mais facilmente em equipamentos topo de gama, visto serem soluções mais caras e que vão, sem dúvida, ditar o preço final do equipamento que compramos.

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