(Review) Google Pixel 9a - O Pixel, para todos

Em 2025 não é fácil surpreender os consumidores com um smartphone, sem oferecer algo de novo. Pensávamos nós, pois essa teoria vem cair por terra ao testar o novo Pixel 9a, o novo modelo Google que pode dar um abanão na gama abaixo dos 600 euros.

1 de Mai de 2025
(Review) Google Pixel 9a - O Pixel, para todos

O Pixel 9a é o mais recente lançamento da linha “a” da Google, que nos vem apresentando equipamentos que nos alicia com características essenciais de um smartphone topo de gama, com apenas alguns sacrifícios estratégicos que permitem um preço mais competitivo e apelativo às massas.

Num ano de 2025 em que uma das maiores críticas sobre o mercado mobile passa pela verosimilhança entre as várias opções disponíveis pelas marcas, com as tendências de design, características técnicas e funcionalidades a serem encontradas nas várias opções que cada marca traz às prateleiras, desde as opções topo de gama até aos escalões mais modestos, onde há um claro foco nos essenciais e no ataque aos “nichos”, é muitas vezes no meio que se encontra a virtude.

É precisamente quando descemos do “paraíso” dos equipamentos de mais de mil euros que somos muitas vezes surpreendidos com opções que nos dão outra perspetiva sobre aquilo que queremos de um smartphone. E é aqui que o Google Pixel 9a entra, como um equipamento que, na nossa opinião, tem tudo para ser das melhores opções no mercado este ano.

Esta é a análise do DroidReader ao Google Pixel 9a, um smartphone que colhe os frutos de um trabalho de vários anos da Google, para vencer no mercado gama-média.

O design minimalista e subtil

Começamos por aquilo que nos enche os olhos logo à primeira vista: o design do Pixel 9a.

A unidade que nos chegou, em cor negra “Obsidiana” dá um aspeto sóbrio ao equipamento, que beneficia de linhas inspiradas na demais gama Pixel 9, com as laterais retas e bem demarcadas, mas aproveitando uma ligeira curvatura das arestas que vem beneficiar o conforto na mão.

É, aliás, com muito prazer que se utiliza este equipamento mesmo com uma mão, continuando aquela que já vem sendo uma característica desta gama da Google. Para manter esta fórmula ganhadora no conforto, o Google Pixel 9a cresceu muito pouco face ao seu antecessor, o Pixel 8a, sendo que mal se nota a olho nu o crescimento, que na altura se ficou apenas nos 2 milímetros, na largura de 0,5 milímetros e na espessura que se manteve (importante a ter em conta mais à frente).

Talvez a mais polémica das características será, sem dúvida, a ilha de câmaras traseiras. Enquanto que, em anteriores gerações Pixel, a Google optou por manter uma linha mais concisa neste aspeto, desta feita temos uma clara diferença no que toca às câmaras, já que a faixa metálica tão característica dos equipamentos da Google está aqui ausente. 

O que se ganha é, no entanto, uma característica pouco comum nos smartphones de hoje em dia: uma traseira do Google Pixel 9a quase plana. Enquantos muitos poderão criticar, devido à estética, a verdade é que este camera bump (ou falta dele) é algo muito apreciado por outros tantos (incluindo, caro leitor, de quem escreve este artigo), na medida em que dá um minimalismo extra ao equipamento e garante que não existem “abanões” quando o smartphone está a ser utilizado em repouso numa mesa. 

Como mencionamos acima, a opção de cor da nossa unidade de teste segue pelo tom mais escuro, mas, para os mais vaidosos, existem ainda disponíveis as mais vistosas opções, entre o branco “Porcelana”, lilás “Íris” e o magenta “Peónia”. 

Enquanto que na traseira temos algumas surpresas, na frente encontramos muito poucas. O ecrã do Google Pixel 9a segue o habitual estilo punch-hole, com margens simétricas a toda a volta, que pecam apenas pela sua espessura, um dos pontos que consideramos que podem ser melhorados em futuras iterações.

O painel P-OLED de 6.3 polegadas e taxa de atualização 120Hz é equiparável àquele que podemos encontrar nas demais opções da linha Pixel 9, atingindo uns impressionantes 2700 neats de luminosidade máxima. Isto significa que o ecrã do Google Pixel 9a, quando confrontado com um dia solarengo não causa ao seu utilizador qualquer dificuldade de utilização. 

Aliás, denota-se que este é um dos pontos em que a Google faz questão de garantir uma boa experiência ao utilizador. O painel apresenta uma qualidade de imagem claramente de um topo de gama, o que conjugada com os altifalantes stereo, criam as condições ideais (no contexto de um smartphone) para um consumo multimédia excelente.

O Google Pixel 9a é apetrechado de funcionalidades

Mas, afinal, o que seria de um belo ecrã, sem uma experiência de utilização condizente? Pois bem, caro leitor, aqui o Google Pixel 9a joga em casa. A experiência de utilização deste equipamento é também um resultado de anos de evolução e aposta da Google para levar ao mundo Android o minimalismo, fluidez e funcionalidade que muitos fãs desejam, muito contrária à experiência que outros concorrentes oferecem.

Este smartphone sai da caixa com o Android 15 pré-instalado (prometidas atualizações para mais 7 novas versões deste o sistema operativo), refinada pela já familiar Pixel UI da Google, que garante ao utilizador uma experiência de utilização bastante harmoniosa e coesa, garantindo a possibilidade de customizar o dispositivo com as habituais vantagens que o Android oferece, mas mantendo-se relativamente simples. 

É, aliás, notório o esforço da Google em não complicar com a experiência de utilização dos seus Google Pixel, sendo claro que existe aqui o objetivo de cativar todo o tipo de utilizador, incluindo aquele utilizador que esteja a procurar migrar de um sistema operativo criado pela marca da maçã.

Dito isto, para os utilizadores Android habituados à completa customização do seu equipamento, haverão alguns sacrifícios em prol da simplicidade (a edição do ambiente de trabalho possui alguns ícones bloqueados como o dia ou a barra de pesquisa Google), ainda que menores.

Claro está, falamos aqui de pequenos detalhes que não deverão impedir nenhum curioso utilizador de experimentar um Pixel 9a que, vem mais uma vez garantir uma experiência de utilização de topo, conjugando a mestria de programação da Google, com um sistema interno herdado da restante linha Pixel 9.

O Google Tensor G4 é já conhecido do mercado desde o lançamento dos demais modelos Pixel 9 e vem a esta gama mostrar as suas capacidades. Com a grande aposta da Google em potenciar a eficiência dos seus equipamentos em detrimento de desempenho bruto, algumas críticas surgiram, considerando que este processador não consegue rivalizar com as ofertas da Qualcomm ou da Apple. 

Estas questões vêm dissipar-se por várias razões. O trabalho de desenvolvimento e otimização, com foco na eficiência, torna a utilização do Pixel 9a (assim como dos demais Pixel 9) bastante prazerosa e suave, sendo que temos aqui desempenho para “dar e vender” (especialmente num contexto que foge ao espectro dos topos de gama).

Afinal, apesar do Google Pixel 9a não ser claramente um smartphone desenvolvido para gaming, é capaz de correr qualquer título disponível na Google Store sem qualquer problema, não se contemplando qualquer rival no mercado que ofereça um desempenho semelhante, sem sacrificar em todas as demais características que o Pixel 9a oferece.

A configuração de teste por nós recebida é a versão de 8GB de RAM e 128GB de armazenamento, que nos incentivou a recorrer à Google One para uma maior disponibilidade de armazenamento, já que este não é expansível via microSD. Recomendamos, sem hesitar, aos utilizadores a apostarem na opção de 256GB de armazenamento, cuja capacidade se revelará preciosa.

Não será novidade nesta parte da análise que os elogios à eficiência do Google Pixel 9a estarão também relacionados com a fabulosa eficiência energética. Aliás, é de elogiar o trabalho da Google neste departamento, ao ter conseguido equipar uma bateria de 5010 mAh num smartphone que é praticamente das mesmas dimensões do seu antecessor, sendo que este último apenas possuía no seu interior uma unidade de 4492 mAh. 

O resultado é um smartphone que garante ao utilizador um dia inteiro de utilização intensa, sendo que, para aqueles dias mais leves e de maior abstração, o Google Pixel 9a conseguiu facilmente reter energia suficiente para um segundo dia completo de utilização. 

Esta eficiência é especialmente útil se considerarmos que o carregamento não é particularmente célere, com uma velocidade de carregamento de 23W por cabo, sendo ainda possível o carregamento sem fios a 7,5W. Mas, conforme dito supra, não podemos de todo apresentar queixas neste departamento à Google. Afinal, o Pixel 9a garante uma autonomia excelente aos utilizadores e que deixa muitos topos de gama envergonhados.

Câmara e IA: as estrelas da companhia

Praticamente desde a primeira geração de smartphones em nome próprio da Google que “Pixel” é sinónimo de excelência no capítulo fotográfico. O Pixel 9a não foge à regra e vem mais uma vez demonstrar como se faz.

Os resultados fotográficos são facilmente comparáveis àqueles que podemos encontrar em smartphones com custos bem mais elevados, sendo que o Pixel 9a oferece tons e cores bastante naturais e cheias de qualidade. Agrada-nos a facilidade com que o método descomplicado point-and-shoot (na língua de Camões, “apontar e disparar”) permite em praticamente todas as tentativas obter fotografias de qualidade e detalhe, mesmo em cenários menos iluminados.

Denota-se que para este equipamento a Google optou por um setup de duas câmaras traseiras, sendo a principal um sensor 48 MP, com abertura  f/1.7, e 25 mm, que beneficia de estabilização óptica. Em segundo temos uma câmara ultrawide de 13MP, que continua a garantir a capacidade de fotografia em modo amplo. Fica ausente uma câmara de zoom dedicada, situação de resto semelhante ao Pixel 9, demarcando estes equipamentos da linha Pro. Não esquecendo a câmara de selfies, temos um sensor de 13 MP bastante capaz, sendo que em vídeo é possível a gravação em 4K a 30FPS.

Muitas das capacidades da câmara são amplamente beneficiadas pelo processamento de imagem otimizado da Google e do trabalho com o Tensor G4, sendo este chip da Google um excelente aliado aos sensores fotográficos, permitindo resultados excelentes mesmo considerando que, face ao seu antecessor, o Pixel 9a se encontra equipado de sensores que, em teoria, seriam menos capazes (o sensor principal do Pixel 8a não só possui maior resolução, como também é 1mm maior).

Por fim, não podemos deixar de mencionar o quão divertido é conjugar a utilização do equipamento, no que respeita às capacidades da câmara e processamento de imagem do Google Pixel 9a, com a inteligência artificial. 

Herdando da demais linhagem Pixel as principais funcionalidades que a Google tem trazido ao mercado, não foram poucas as vezes em que a funcionalidade Add-me (“Adiciona-me”) surpreendeu os mais curiosos quando este equipamento permitiu juntar o sacrificado fotógrafo a foto de família e amigos.

E quando os mais distraídos se esqueceram de sorrir, o Google Pixel 9a permitiu selecionar a melhor “careta” disponível com o “Best Take, sendo esta uma das nossas funcionalidades favoritas.

Não podemos deixar de enaltecer as capacidades de edição de foto e a conveniência embutida nos métodos de pesquisa por todo a interface. Apesar de já não ser uma novidade no mercado, a Google dá aqui o primeiro passo em trazer todo o potencial da inteligência artificial para a gama-média, que não tem, neste momento, uma resposta à proposta da Google nesta categoria de preço.

Conclusões

O Google Pixel 9a está disponível em Portugal com um preço base de 559,00 Euros na Google Store e é fácil perceber que, por este preço, os consumidores irão obter um equipamento que tem tudo para agitar o mercado, não por trazer algo absolutamente novo, mas sim por reunir uma lista de características e funcionalidades que são muitas vezes exclusivas às mais dispendiosas opções da própria Google ou de outras marcas, e reunindo-as num dispositivo que supera a concorrência direta. 

Se noutros anos algumas dúvidas existiam sobre a capacidade da linha “A” em rivalizar com potenciais descontos nos Pixel topo de gama (muitas vezes a diferença de preço justificava a aposta numa versão superior), a verdade é que, nesta geração, passa para os topos de gama o ónus de justificar a diferença de preço, por forma a garantir uma experiência mais premium.

E é aqui que podemos encontrar um verdadeiro desafio ao mercado: a Google já convenceu os consumidores com os seus flagships, com um grande crescimento em 2024, com a linha Pixel 9 a fazer sucesso e a capitalizar no bom desempenho dos Pixel 8. Agora, é a vez do Google Pixel 9a “dar a cara”.