Será que me consigo habituar a um Flip? Sabe tudo, na review ao Galaxy Z Flip 7
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Será que me consigo habituar a um Flip? Sabe tudo, na review ao Galaxy Z Flip 7

Descobrir como o formato do Flip 7 se adapta à minha vida foi transformador a vários níveis.

Tendo recentemente assistido a uma apresentação e experimentado um dobrável como o HONOR Magic V5, foi com curiosidade renovada que recebi, na minha mesa de trabalho, outra interpretação do universo dos ecrãs dobráveis: o formato flip. Popularizado há mais de duas décadas, o gesto de “fechar a tampa” faz parte da história dos dispositivos móveis e marcou uma geração inteira.

Hoje, passados tantos anos, e sete depois de a Samsung ter recuperado este conceito para o segmento dos smartphones, fui surpreendido com o novo Galaxy Z Flip 7. As diferenças face ao modelo anterior são mais profundas do que antecipava e, ao longo da experiência, fui percebendo detalhes e melhorias que, sinceramente, não esperava encontrar.

Construção e acabamento

O Galaxy Z Flip 7, especialmente na sua cor preta, é tão simplista como futurístico. Consegue trazer a nostalgia de equipamentos passados, ao mesmo tempo que se torna discreto, especialmente quando fechado. A Samsung claramente que refinou a abordagem na sétima geração onde o equipamento é mais elegante e melhor polido, destacando-se por um corpo mais fino tanto aberto como fechado. Para terem uma ideia, este tem cerca de 13,7 mm quando dobrado contra os 14,9 mm do Z Flip 6. Esta redução, embora subtil em números, nota-se na mão e contribui para um manuseamento mais confortável. A nova dobradiça, mais robusta e discreta, reforça a sensação de solidez, enquanto os materiais de construção ganham um toque adicional de qualidade. O ecrã externo maior torna as interações rápidas mais práticas e úteis, e o ecrã interno acompanha o aumento sem comprometer a ergonomia. Todavia, os botões, e a sua qualidade, para mim falharam, assim como o sensor de impressões digitais. Aqui admito que possa ser mais pelo formato em si e como fica confuso na mão distinguir os botões quando estou habituado a um smartphone que, bem, não dobra.

Isto foi sentido no dia a dia, quer quando tinha o telemóvel no bolso, onde até me esquecia dele, ou simplesmente quando o usava em ecrã fechado. Tornou-se cómodo para visualizar widgets e mensagens rápidas, assim como para o ter discretamente pousado na mesa. Este acaba por ser o grande atributo do equipamento e o que o destaca na oferta comercial da empresa.

Software aliado ao hardware

Nos ecrãs, a diferença entre gerações torna-se ainda mais evidente. O Galaxy Z Flip 7 traz um ecrã externo significativamente maior, agora com 4,1 polegadas, transformando-o numa área realmente útil para notificações, widgets, fotografia ou pequenas interações sem abrir o equipamento. No interior, o Flip 7 amplia ligeiramente o painel principal para 6,9 polegadas, mantendo a tecnologia AMOLED e a taxa de atualização elevada, mas ganhando melhorias de brilho e eficiência que tornam o ecrã mais legível no exterior e mais suave no uso diário. No conjunto, o Z Flip 7 assume um salto natural face ao passado, não apenas no hardware, mas também na forma como a experiência visual se integra no uso quotidiano.

É precisamente aqui que os modelos Flip revelam a sua atratividade para quem procura algo moderno, mas discreto e leve. O software é claramente adaptado ao formato: funcionalidades como a Now Bar e a Now Brief oferecem resumos dinâmicos do dia e mostram tarefas em execução no ecrã externo, enquanto a continuidade entre ecrãs permite iniciar uma aplicação fechada e retomá-la instantaneamente ao abrir o dispositivo. A dobradiça, robusta e capaz de manter vários ângulos, acrescenta outra camada de versatilidade, permitindo usar a base do telemóvel como um tripé improvisado para fotografia, com a própria interface da câmara a ajustar-se e quase a evocar a experiência das câmaras digitais compactas de antigamente.

Este foi dos pontos mais surreais e que me fez recuar no tempo e lembrar como o meu pai gravava conteúdo da família em cassetes. Aqui, contudo, sinto que existe espaço para melhorias, especialmente no controlo de zoom contínuo no modo vídeo, para uma experiência mais prática.

Também não gostei que, para escrever, apesar de ter definido o teclado Swiftkey, o exterior usava o da Samsung que, para mim, continua a ser inferior na experiência de escrita. Ainda, apesar da empresa permitir uma grande personalização com o ecrã exterior, incluindo forçar a todas as aplicações funcionarem no ecrã secundário, nem todas têm depois uma experiência fluída ao transitar para o ecrã principal. Senti muito isto no Instagram e Bluesky, onde a aplicação ficava a piscar até a encerrar.

A One UI e a Galaxy AI

Como habitual, a One UI continua a ser um dos grandes pontos de venda dos smartphones da empresa e, com as ferramentas da Galaxy AI, a empresa trouxe para um dobrável tudo aquilo que encontramos nos dispositivos da gama S, onde temos ferramentas auxiliares em chamadas, notas e imagens, quer seja na sua tradução, resumo, cálculos automáticos, ou edição avançada. O mesmo é válido para o processamento local, em Português de Portugal e a interligação com os dados de saúde dos utilizadores para os que utilizarem a Samsung Health e elevam a experiência. Esta foi principalmente sentida ao emparelhar com um smartwatch da empresa e de ver sugestões e dicas mais certeiras e com mais dados dos utilizadores.

Embora não recorra a todas as funcionalidades disponíveis, a oferta é ampla e versátil. No dia a dia, acabo por dar bastante uso à gravação e ao resumo de chamadas ou, claro, à conhecida ferramenta de remoção de objetos em imagens. Há opções para praticamente todos os perfis de utilizador e o destaque tecnológico é evidente.

Ainda assim, notei algo de forma mais marcada: alguns textos, sobretudo no resumo diário do Now Brief, apresentam expressões com conotação brasileira, o que quebra um pouco a uniformidade da experiência. Fora esse detalhe, admito que esta funcionalidade ganha uma relevância especial neste tipo de dispositivo. Poder consultar um resumo do dia sem sequer abrir o telemóvel torna todo o conceito flip ainda mais prático e intuitivo.

Com a One UI 8, baseada no Android 16, este equipamento está previsto para receber a sua última atualização de sistema operativo e de segurança em 2032. Trata-se de um feito notável, que transmite confiança ao utilizador e assegura a longevidade da interface. Isso é especialmente relevante num ecossistema tão completo, repleto de opções de personalização, seja através das ferramentas nativas, seja por meio das aplicações adicionais disponibilizadas pela própria marca.

A fotografia e vídeo

Nas câmaras, a evolução entre as duas gerações não passa tanto pela mudança de sensores, mas sobretudo pela forma como estes são potenciados. O Galaxy Z Flip 7 mantém a configuração dupla com sensor principal de 50 MP e ultrawide de 12 MP, tal como o Z Flip 6, mas beneficia de algoritmos de processamento mais avançados e de uma NPU mais capaz, que melhora a nitidez, o controlo de ruído e o equilíbrio de luz em cenários noturnos. A maior área do ecrã externo no Flip 7 também tem impacto direto: facilita a captura de selfies e vídeos com melhor enquadramento e maior naturalidade.

Isto levou a uma experiência muito idêntica ao que experimentei com o Galaxy S25 Edge, também com dois sensores, onde o equipamento é extremamente capaz em ambientes bem iluminados mas, quando se aplica zoom, existe mais dificuldade no processamento.

Apesar disso, este smartphone conseguiu ser consistente nas suas capacidades e deu-me validação para aquele que acredito ser o grande público-alvo do mesmo.

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O vídeo conseguiu surpreender pela capacidade de estabilização, sobretudo quando estava a gravar com o equipamento dobrado, a explorar os controlos e com o meu patudo a puxar-me. Embora o resultado não tenha sido particularmente criativo, permitiu-me identificar alguns pontos importantes e perceber melhor o comportamento da câmara. A calibração da cor revelou oscilações visíveis consoante os sensores utilizados, algo que raramente encontrei com tanta discrepância nos equipamentos da marca e que pode desagradar a alguns utilizadores. Ainda assim, o telemóvel oferece gravação em LOG, o que permite corrigir e ajustar a cor posteriormente, garantindo maior controlo no processo de edição.

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Todavia, neste vídeo as variações não foram tão evidentes, o que reforça a perceção de que a inconsistência no desempenho de vídeo depende bastante do cenário. Em condições ideais de luminosidade, o resultado consegue ser satisfatório e estável, ainda que nem sempre mantenha o mesmo nível em situações mais exigentes.

Processador o culpado? Uma história em vários atos

Podem não acreditar, mas só no final da utilização é que me lembrei de que tinha em mãos um Exynos 2500 de 3 nm, o que me deixou genuinamente surpreendido. Em parte, admito que algumas das discrepâncias observadas no vídeo possam resultar deste processador e do seu ISP. No entanto, em praticamente todos os outros cenários, o telemóvel mostrou-se muito competente. A autonomia revelou-se consistente, com valores próximos das quatro horas e meia de ecrã, e a gestão térmica foi igualmente positiva. O único momento em que senti aquecimento mais evidente ocorreu durante a configuração inicial e a instalação de atualizações, algo compreensível num dispositivo com dois ecrãs e pouco espaço para dissipação. Ainda assim, deixou-me curioso quanto à solução de blindagem interna aplicada pela marca e à forma como esta garantirá durabilidade e segurança ao longo dos anos.

No final do dia, o Exynos surpreendeu-me de forma positiva e, quem sabe, no futuro o mesmo não continue a dar frutos à empresa e consumidor.

Veredito

Com o entretenimento assegurado por bons altifalantes e excelentes ecrãs, aliado a um conjunto de sensores fotográficos que satisfaz tranquilamente a maioria dos utilizadores, percebi que este não é, apesar de tudo, o smartphone ideal para mim. A frequência com que o abria e fechava acabou por se tornar exagerada e, embora admita que ao fim de dois meses pudesse adaptar este hábito, não sinto que fosse tirar verdadeiro proveito de um formato como o Flip. Esta utilização constante também me fez notar outra questão: o telemóvel está mais suscetível a acumular pó na zona da dobradiça e, além disso, a protuberância no frame incomodou-me, já que o meu dedo batia frequentemente nela quando utilizava o gesto de retroceder.

Reconheço, contudo, o seu potencial. Trata-se de um equipamento que oferece tecnologia de qualidade num corpo compacto e que, ao mesmo tempo, permite ao utilizador desligar-se um pouco do ecrã, algo cada vez mais valioso nos dias de hoje.

Esta review foi possível com o apoio da Surfshark, onde destaco o plano Surfshark One+. Este inclui funcionalidades indispensáveis nos dias de hoje, não só pela VPN, que nos liga de forma rápida e segura à internet usando servidores de vários países, garantindo o anonimato online, mas também pelas capacidades de antivírus nos dispositivos onde instalamos a aplicação e pela proteção reforçada na navegação web.

Entre as várias opções do plano, destaco ainda um dos meus serviços favoritos: o Incogni. Este analisa constantemente diversas bases de dados para garantir que não existem registos dos nossos dados pessoais em empresas com fins publicitários, ajudando a reduzir o risco de spam e de fraudes. Além disso, contribui para proteger informações como o e-mail, a morada e o número de  telemóvel, sendo ainda possível monitorizar dados bancários.

No conjunto, o Surfshark One+ eleva a nossa cibersegurança a um nível sem precedentes, algo que, infelizmente, se torna cada vez mais necessário. 

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